Wednesday, 22 July 2009

Um dia escreveram sobre mim...


Devaneios das três

Olho para a minha secretária onde estou sentado ouvindo Frank Sinatra pensando no que escrever e vejo um livro. Mas este não é um livro qualquer: ‘Língua Portuguesa’. A quem pertence? Vera Branco. Se é verdade que não nos conhecemos à mais de um ano, também posso dizer que esse ano foi o mais atribulado e, contudo, o mais divertido da minha curta existência. Faz um pouco mais de um ano que realmente comecei a conhecer Vera Branco Júnior. Sinceramente não sei bem quando ou como começámos a falar mas, quando dei conta estávamos na mesma turma, no mesmo grupo de trabalho, na mesma carteira de escola. E, se não me lembro de tudo, recordo-me dos momentos mais banais e simultaneamente tão significativos entre nós. Porque eu acredito que são os pequenos actos que revelam verdadeiramente uma pessoa. E recordo não com saudade mas com uma certa nostalgia e admiração as aulas de Física em que a Vera me deixava de falar e eu a ela. Agora que penso nisso, não sei bem porque é que o fazíamos ao certo. Não sei porque é que passávamos a vida a discutir nas aulas e fora delas. Questiono-me se será a nossa diferença de personalidades, tão diferentes no modo de pensar e tão iguais em conceitos. Mas, quer quisesse-mos ou não, ambos ansiávamos pela reconciliação. Porque, estranhamente, queríamos estar na companhia e amizade um do outro. Demorei a sentar-me na minha cadeira e a escrever este texto porque não queria dizer as coisas à toa e, no entanto, agora sentado, escrevo pensamentos sem nexo que me fluem à mente sem ordem. Tudo porque olhei para o teu livro de português e pensei em ti. Nas horas que passamos na tua casa a ter conversas de vago sentido e silêncios infindáveis e, no entanto, tão curtos. Não quero fazer um texto a dizer que és a melhor pessoa do mundo. Quero fazer um texto real. Um texto que fale da verdadeira pessoa que existe debaixo da capa forte e espessa. Mas não tenho as palavras que preciso. Porque, connosco tudo se passa a um nível quase telepático. Porque, por debaixo da tão grande e bem aclamada protecção exterior existe uma pessoa tão forte como um Iceberg e tão frágil como um floco de neve. Alguém que acredita em algo mais e que espera sempre receber em troca do que dá. Por isso desilude-se quando finalmente descobre que quem tomou como sendo a melhor pessoa do mundo não passa de um normal humano que erra e não vê. Alguém que ainda muito tem para crescer mas que, ao ser observada, já é tão grande como o seu próprio coração consegue amar. E se mostra tão teimosa e determinada quanto humanamente possível. Porque, quando pensa que deve ser Ela a chegar ao nível que almeja faz tudo dentro dos princípios seus e alheios para lá chegar. Não é uma Watcher que apenas observa os outros e tem um sonho. Ela Faz. Faz e observa, ponderando cada passo do seu longo percurso como se o próprio passo fosse o percurso completo. Não vou escrever um texto descritivo ou sínico porque não é assim que eu sou. E porque sabes disso; e gostas. Porque valorizas a honestidade e os princípios. E não te vou dizer que és uma boa amiga como nunca antes tive ou que, quando contigo, me sinto não apenas o protector como sempre sou mas também o protegido. Porque sei que, quer me desequilibre ou caia tenho sempre alguém que me pode esticar a mão e ajudar a levantar. Não. Em vez disso vou olhar para a tua cara e cabeleira farta e dizer-te: ‘És buéda parva.’ E vou abraçar-te com o meu coração. Porque sei que, quer digas ou não, tu vais responder: ‘eu também te adoro muito.’
Setinha@

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