Wednesday 30 December 2009

"Não sei se é sonho, se realidade"

Não sei se é sonho, se realidade,
Se uma mistura de sonho e vida,
Aquela terra de suavidade
Que na ilha extrema do sul de olvida.
É a que ansiamos. Ali, ali
A vida é jovem e o amor sorri
Talvez palmares inexistentes,
Áleas longínquas sem poder ser,
Sombra ou sossego dêem aos crentes
De que essa terra se pode ter.
Felizes, nós? Ah, talvez, talvez,
Naquela terra, daquela vez.
Mas já sonhada de desvirtua,
Só de pensá-la cansou pensar,
Sob os palmares, á luz da lua,
Sente-se o frio de haver luar.
Ah, nesta terra também, também
O mal não cessa, não dura o bem
Não é com ilhas do fim do mundo,
Nem com palmares de sonho ou não,
Que cura a alma seu mal profundo,
Que o bem nos entra no coração.
É em nós que é tudo. É ali, ali,
Que a vida é jovem e o amor sorri.

Setinha @ Às voltas na cama para adormecer - "Não sei se é sonho, se realidade" - F.P.

Monday 14 December 2009

Quem és tu?

Quem és tu afinal?
Cujo olhar me confunde e atrofia
Cujas palavras me deixam sem jeito
E com um ronronar no peito
Quando, a cada dia.
Me fazes sentir especial.

Como entraste tu na minha vida?
Tornando-a mais colorida,
Como se pintasses em mim um quadro
Com a tua personalidade de um doce de chocolate amargo...

Setinha @ Sintonia com J.I.

Sunday 13 December 2009

Fora por aquilo que hoje sou...

Não mais olharei para trás.
Jamais estagnarei no tempo,
esperando por uma só palavra.

Na minha cadeira, com o meu bloco e a minha caneta de tinta permanente, segura na mão bem firme, olhei para as paredes que me envolviam. Na mente flutuam, viajam, todos os desejos e quereres de uma vida que,outrora julguei colorida, mas que agora vejo que nunca teve outra cor senão cinza.
Já não sei mais que viver. Já não sinto que precise de o fazer. Vou manter-me aqui, sentada na minha cadeira, observando da janela do meu quarto o passar do tempo. Não vou fazé-lo parar. Vou apenas fazer com que passe por mim. Vou ficar aqui sentada a observar o girar do mundo, a mudança da lua e das marés. Ver o desabruchar das flores novas na Primavera e a migração das andorinhas no Outono.
Ver a neve cair no Inverno e as amendoeiras a florir quando o tempo delas chegar.
Passaram anos. As marcas do tempo já começam a fazer-se notar. Já não sou mais uma criança. A "criança" que decidiu deixar-se ficar e ver o mundo passar por si, sem nada fazer. Passei anos aqui sentada, a olhar pela janela. Hoje, muitos anos depois, olho com olhos de quem quer ver o que o tempo fez a sua visão, e não vejo nada que me deixe feliz...
Deixei de contar o tempo. Mas sei que passou depressa de mais. Aqui de novo estou. Agora uma velha sem nada para contar. Sinto-me triste. As visões que me envolvem são de uma realidade tão amargurada e penosa que nem consigo distinguir o que realmente vejo daquilo que queria ver. O mundo tornou-se um lugar hóstil, sangrento, sem escrúpulos, onde a maldade, a vingança e o desejo de aniquilação do próximo imperam, sentados num trono construido sobre a subjugação dos mais fracos.
Ao caminhar pela rua, vejo a desgraça que o tempo causou. Morte, doença, fome. Ningúem me vê. Será que não estarei morta também?! Não sei. Só sei que este não era o Mundo que eu conheci, anos antes de me decidir.
O que poderia eu ter feito para prevenir todo este cenário de mágoa, dor e tristeza? Será que deixar o tempo passar terá sido a melhor solução? Será que não me encostar à ombreira da porta ou não ficar sentada na minha cadeira de baloiço durante tanto tempo poderia ter feito a diferença?
Claro que podia. Claro que a minha ajuda, por pequena que fosse, podera ter evitado este cataclismo que meus olhos vêem e que meu coração chora.
Nem sempre a passividade é a solução. No entanto, e por uma vez na vida, tenho a oportunidade de voltar a trás.
Meto a mão ao bolso do casaco, à procura do meu relõgio de bolso antigo. Abro-o e rodo-o 3 vezes.
TIC TIC TIC...
De volta ao presente. Ao momento em que decidi entregar-me à adversidade, sentando-me na minha cadeira, esperando pelo passar do tempo. Paro e penso. Não. Vou ser mais forte, vou vencer e vou fazer a diferença. POR UM MUNDO MELHOR...
Setinha @ "Por um mundo melhor - Vera Branco"