Tuesday 28 July 2009

Algo que me ficou...

"You know you love someone when you can spend the entire night just sitting by the fire, watching them sleep..."

Grams Evelyn Ryan

Setinha@

Wednesday 22 July 2009

Um dia escreveram sobre mim...


Devaneios das três

Olho para a minha secretária onde estou sentado ouvindo Frank Sinatra pensando no que escrever e vejo um livro. Mas este não é um livro qualquer: ‘Língua Portuguesa’. A quem pertence? Vera Branco. Se é verdade que não nos conhecemos à mais de um ano, também posso dizer que esse ano foi o mais atribulado e, contudo, o mais divertido da minha curta existência. Faz um pouco mais de um ano que realmente comecei a conhecer Vera Branco Júnior. Sinceramente não sei bem quando ou como começámos a falar mas, quando dei conta estávamos na mesma turma, no mesmo grupo de trabalho, na mesma carteira de escola. E, se não me lembro de tudo, recordo-me dos momentos mais banais e simultaneamente tão significativos entre nós. Porque eu acredito que são os pequenos actos que revelam verdadeiramente uma pessoa. E recordo não com saudade mas com uma certa nostalgia e admiração as aulas de Física em que a Vera me deixava de falar e eu a ela. Agora que penso nisso, não sei bem porque é que o fazíamos ao certo. Não sei porque é que passávamos a vida a discutir nas aulas e fora delas. Questiono-me se será a nossa diferença de personalidades, tão diferentes no modo de pensar e tão iguais em conceitos. Mas, quer quisesse-mos ou não, ambos ansiávamos pela reconciliação. Porque, estranhamente, queríamos estar na companhia e amizade um do outro. Demorei a sentar-me na minha cadeira e a escrever este texto porque não queria dizer as coisas à toa e, no entanto, agora sentado, escrevo pensamentos sem nexo que me fluem à mente sem ordem. Tudo porque olhei para o teu livro de português e pensei em ti. Nas horas que passamos na tua casa a ter conversas de vago sentido e silêncios infindáveis e, no entanto, tão curtos. Não quero fazer um texto a dizer que és a melhor pessoa do mundo. Quero fazer um texto real. Um texto que fale da verdadeira pessoa que existe debaixo da capa forte e espessa. Mas não tenho as palavras que preciso. Porque, connosco tudo se passa a um nível quase telepático. Porque, por debaixo da tão grande e bem aclamada protecção exterior existe uma pessoa tão forte como um Iceberg e tão frágil como um floco de neve. Alguém que acredita em algo mais e que espera sempre receber em troca do que dá. Por isso desilude-se quando finalmente descobre que quem tomou como sendo a melhor pessoa do mundo não passa de um normal humano que erra e não vê. Alguém que ainda muito tem para crescer mas que, ao ser observada, já é tão grande como o seu próprio coração consegue amar. E se mostra tão teimosa e determinada quanto humanamente possível. Porque, quando pensa que deve ser Ela a chegar ao nível que almeja faz tudo dentro dos princípios seus e alheios para lá chegar. Não é uma Watcher que apenas observa os outros e tem um sonho. Ela Faz. Faz e observa, ponderando cada passo do seu longo percurso como se o próprio passo fosse o percurso completo. Não vou escrever um texto descritivo ou sínico porque não é assim que eu sou. E porque sabes disso; e gostas. Porque valorizas a honestidade e os princípios. E não te vou dizer que és uma boa amiga como nunca antes tive ou que, quando contigo, me sinto não apenas o protector como sempre sou mas também o protegido. Porque sei que, quer me desequilibre ou caia tenho sempre alguém que me pode esticar a mão e ajudar a levantar. Não. Em vez disso vou olhar para a tua cara e cabeleira farta e dizer-te: ‘És buéda parva.’ E vou abraçar-te com o meu coração. Porque sei que, quer digas ou não, tu vais responder: ‘eu também te adoro muito.’
Setinha@

Tuesday 21 July 2009

Momentos

Deixei de contar o tempo. Passa depressa de mais. Passei a penas a contar os momentos. Aqueles que ficam na memória, que não se apagam como um desenho feito na areia à beira-mar.
Os momentos que se passam com alguém de quem se gosta, ou simplesmente o momento de ver o Sol ao fim do dia a desaparecer por detrás de uma árvore, que está ali dia após dia como se estivesse a namorar, e que quando morre deixa que as suas folhas sejam beijadas pelo vento.
Os momentos com os amigos, que são jóias raras, colhidas não se sabe bem em que grutas, mas que brilham nas noites escuras da vida de cada um de nós.
Os momentos de silêncio que são gritos, e os gritos que se tornam em momentos de silêncio.
Momentos feitos de pequenos grandes nadas, momentos que surgem entre oceanos de gente ou que aparecem na solidão das multidões.
E se o amanhã não chegar, os momentos ficarão na memória do tempo levados pela brisa dos oceanos ou pelas asas da noite até que cheguem a um porto seguro, e sejam decifrados por alguém que naquele momento esteja a olhar as estrelas, que ponteiam o céu como se de um bordado num fino pano de linho se tratasse.
E as páginas em branco de qualquer vida, são pontos negros de tristeza, porque não contêm momentos.
Setinha @ Moment in time

Monday 20 July 2009

À Maneira de uma Cosmogonia

Há muitos e muitos milhares de anos, a poesia aproximou-se do Homem e tão próximos ficaram, que ela se instalou no seu coração. E começaram a ver o mundo conjuntamente estabelecendo uma inseparável relação que perdurará para sempre. Não demorou muito a que a poesia se emancipasse, autonomizando-se. Como uma rosa de cujas pétalas centrípetas emana a beleza e o mais intenso perfume, sem nunca prescindir da defesa vigilante dos seus espinhos, assim cresceu livre a poesia carregada de silencioso mistério e sedução.

Há muitos e muitos milhares de anos, a poesia aproximou-se do homem e tão próximos ficara, que ela se instalou no seu coração.
E começaram a ver o mundo conjuntamente estabelecendo uma inseparável relação que perdurará para sempre. Não demorou muito a que a poesia se emancipasse, autonomizando-se.
Como uma rosa decujas pétalas centripetas emana a beleza e o mais intenso perfume, sem nunca perscindir da defesa vigilante dos seus espinhos, assim cresceu livre a poesia carregada de silencioso mistério e sedução.
Evitou sempre a vaidade. Mas o vento da história, inapercebidamente, por vezes, demorou-se nela libertando o seu perfume, soltando os seus enigmas, fazendo-a avançar com todo o seu esplendor. E nada existe que a poesia não tenha experimentado, desde o mais recôndito silêncio do deserto, ao fragor das batalhas mais sangrentas. Da mais humilde das intimidades, ao luxo sinuoso do palácio. Com o tempo, e já depois da comunhão primordial, era o Homem, por necessidade de uma comunicação maior, que a procurava e lhe abria o coração até que ela, muito discretamente, voltava a estremecer no seu sangue.
Poesia e Homem criaram assim uma cúmplice e indissociável relação por todo o mundo. embora a História pouco se tenha disso apercebido.
Hoje sabemos que haverá sempre seres humanos que a reconhecem pela substância do seu silêncio. Pelo tempo e lugar do seu rigor de ave de arribação. Pelo seu fulgor e perfume. Pela riqueza inesperada das suas sugestões. Com um pequeno gesto, os poetas soltam o seu pólen que, levado pelas palavras vai eternamente fecundando os arcos da beleza que erguem o Universo e o põem em comunicação com Deus.


Setinha @ the Begining