Wednesday 29 July 2015

Ei-la de volta!

Estou de volta! Acho eu...

Depois de 2 anos de inactividade senti, finalmente, a necessidade de voltar a escrever. Não que tenha seguidores ou leitores das coisas que escrevo por aqui. Mas senti que há muito que não me exprimia sem recriminações.

Durante este tempo, passei por momentos complicados e muitos deles, determinantes. Vivi as minhas aventuras, dei os meus trambolhões e levantei-me com feridas e arranhões, sacudi a poeira e dei a volta por cima.
Mas ainda assim sentia aquele vazio que sentimos quando deixamos coisas por dizer, e que não desaparece mesmo que falemos sozinhos para as paredes que nos rodeiam.

Por isso hoje, resolvi voltar. Sei que não volto a mesma pessoa. E ainda bem! Volto diferente. Se é bom ou não? Ainda não sei. E acho que nunca saberei. Só sei que volto diferente e que me sinto bem com isso.
Ainda não mudei o mundo "por uma causa melhor"! Ainda só fiz pequenas mudanças, pequenas diferenças. Mas sinto que todos os dias caminho em direcção a essa "causa melhor". Provavelmente intangível mas, mesmo assim, igualmente desafiante.

Por isso, aqui estou, de volta! Para mais reflexões irreflectidas e cujo nexo é, muitas vezes, questionável! De qualquer das maneiras, não julguem! Eu não julgarei. Limitem-se a ler, eu limitar-me-ei a pensar e a escrever =)

Setinha@




O dia em que ele atravessou a rua por ela...

"Coragem, Tatiana... Coragem, Shura..."


Já ando há muito para escrever uma crítica apreciável em relação a este livro. Há muito que os meus amigos mais intímos me vêm com este livro na mão, para trás e para a frente, falando dele, recomendando-lhes a leitura.


Há muito que o li, há muito que lhe repeti a leitura. E recentemente, consegui finalmente ler os últimos dois volumes da saga da vida de Tatiana e Alexander, personagens principais da história.


A escrita em si, não é, na minha opinião, complexa. Não é uma obra à altura de Tolstoi. Não, não é. Mas é a trama e o enredo que Paulina cria que me prendeu desde a primeira página a este livro. Ao princípio não percebia a insistência que a minha mãe fazia comigo para ler o livro (editado pela primeira vez em Portugal pelo Círculo de Leitores) mas depois de começar a ler, compreendi.

A história de amor fascinante entre Tatiana Metanova, uma "rapariga russa normal", e Alexander Belov, um capitão do Exército Vermelho, começa no dia 22 de Junho de 1941, em Leningrado, plantada nas margens do rio Neva, no dia em que a Segunda Guerra Mundial lhes bate à porta, com a invasão dos alemães à União Soviética.
O amor (impossível) entre eles cresce, então, num cenário de guerra, bombardeamentos, evacuações e fome, onde a cada esquina podemos perder aquilo que mais sagrado temos. 

A luta de Alexander, a quem a vida nunca perguntou o que queria, para se manter vivo e ficar com Tatiana, leva-o a enfrentar as maiores provações que algum homem alguma vez imaginara.
A coragem e audácia de Tatiana, que tudo faz para combater as injustiças a que Alexander se ampara para lhe salvar a vida, leva-a a lugares onde uma "típica rapariga russa" nunca julgara possível.

Porque, nem sempre a verdade está à frente dos nossos olhos e nem sempre podemos dizer tudo o que nos vai na cabeça.

É numa dualidade de verdade-mentira, de jogos de escondidas e de poemas de Pushkin, que Paulina cria um enredo que causa uma falta de ar constante a cada linha de texto lida. Que nos deixa arrebatados com a tristeza, com a mágoa, com a tortura da vida que estas duas personagens vivem com o simples objectivo final de ficarem juntas e serem felizes. Que nos apazigua a alma e nos dá um sorriso iluminado quando encontramos momentos da história em que o reencontro entre eles é, finalmente, possível.

Li este livro à cerca de 9 anos, pela primeira vez. Na altura, lembro-me de que os meus grandes amigos me gozaram por não ter sido capaz de terminar de ler o livro. Era demasiado agonizante saber o final. Era demasiada tortura. Hoje, 9 anos depois, já li o final de toda a saga, 3 livros no total, agora editados pela ASA, e continuei a ter a mesma sensação de agonia que sentira quando li "O Cavaleiro de Bronze" pela primeira vez.
Embora o final seja o esperado (e ainda bem, dado que, segundo consta, Paulina queria um final trágico), não deixa de ser emocionante e de nos fazer verter muitas lágrimas! 
É uma história de guerra! Não só da Segunda Guerra, mas da guerra vivida em busca da felicidade. Uma lição de vida para todos nós! 
Depois disto, nunca mais veremos a vida da mesma maneira! Eu não vejo!

Setinha@
(Crying like a baby!)

Thursday 10 January 2013

Elogio ao amor puro

“Quero fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado.

Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.

Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em “diálogo”. O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam “praticamente” apaixonadas.

Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje.

Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do “tá tudo bem, tudo bem”, tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?

O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso “dá lá um jeitinho sentimental”. Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.

O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A “vidinha” é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha – é o nosso amor, o amor que se lhe tem.

Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir.

A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.”

Friday 16 November 2012

Uma gota


Eu sinto os teus passos,
na escuridão
Pressinto o teu corpo
no ar, aqui
E vou como se o mundo todo fosse
sugado para dentro de ti
E não houvesse nada a fazer
senão deixar-me ir
Pressinto os teus gestos,
quando não estás
Procuro os teus sonhos,
perdidos
E hoje mais que qualquer outra noite
Há qualquer coisa que me fere
Que me faz querer tanto ter-te aqui
Não importa
que às vezes tudo é breve como um sopro
Não importa se for uma gota só
De loucura
que faça oscilar o teu mundo

E desfaça a fronteira
entre a lua e o sol...

Thursday 25 October 2012

Como é que se Esquece Alguém que se Ama?

Não é da minha autoria mas na altura que mo mostraram (e já foi à bastante tempo), fiquei sensibilizada com a mensagem =)
Agora já não há ninguém para esquecer. Apenas para recordar =)

Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está? As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguem antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar. É preciso aceitar esta mágoa esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução. Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha. Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado. O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar. 

Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'

Sunday 19 February 2012

Dançar...


Dançar! Sentir! Levar voo para uma dimensão á parte… Um mundo onde só o teu coração é que manda. É um sentimento que começa e acaba em nós. Que vive connosco em cada compasso de música sentida.
Não há como descrever a sensação que uma bailarina tem quando calça as suas sapatilhas… Sujas e velhas como o tempo mais antigo de todos. Só ela sabe o que isso é. Só ela sabe a força que este pequeno gesto lhe dá.

E nos momentos mais tristes, quando o seu mundo lá fora se desfaz… Ela fecha os olhos e dança. E tudo se transforma. As cinzas virão rosas. A chuva vira fogo… E a relva torna-se mais verde que nunca.

Nunca ninguém perguntou qual é a força com que se movem os pés de uma bailarina. Nunca ninguém questionou qual o sentimento que a move. É amor. Amor a algo tão forte como a dança. Eu sei. Eu conheço a sensação.
A sensação de entrar na Sala de Ballet, calçar as sapatilhas e voar. Eu sou bailarina. Eu danço. Porque só um amor tão eterno como este, tão verdadeiro me preenche. Só este eterno amor…

A todas as bailarinas que conheço… Dancem. Com toda a vossa paixão. 

Monday 4 July 2011

Não vou dizer

Não vou dizer que esse teu sorriso não me fulmina o olhar.
Não vou dizer que o cheiro do teu cabelo não me dá arrepios na pele.
Não vou dizer que o brilho dos teus olhos me ilumina o dia, por vezes, tão cinzento.
Não vou dizer que o leve toque da tua mão na minha não aquece nos dias mais frios.
E que o teu jeito de me afagar os cabelos nos dias de Inverno e o soar do meu nome na tua voz não me deixa sem forças para continuar.

Não sei se é o teu ar um pouco ausente. Esse teu jeito, às vezes, meio indiferente.
Só vou dizer que és tu... És só mesmo tu que me deixas assim.
Sem jeito ou expressão...
Sem mágoas tão duras dentro do coração...

Setinha @ momento de leve inspiração




Tuesday 21 September 2010

Cá estou eu, já cheguei...

A história que vos quero contar não pode ser lida num livro. Dizem que a história do Oeste foi escrita na cela de um cavalo, mas nunca foi contada pelo coração de um... Até agora. Eu nasci aqui, neste sítio a que virião a chamar o Velho Oeste. Mas para a minha espécie, a Terra não tem idade. Não tem principio nem fim, nem há fronteiras entre o Céu e a Terra. Tal como o vento nos pastos dos búfalos, este era o nosso lugar e haveria sempre de o ser. Dizem que o Mustang é o Espírito do Oeste. Se o Oeste ficou a ganhar ou a perder, serão vocês a decidir. Mas a história que eu vos quero contar é verdadeira. Eu estava lá. E lembro-me... Lembro-me do sol e do céu e do vento a chamar o meu nome no tempo em que os cavalos selvagens corriam em liberdade...


Cá estou eu, já cheguei...
Tão livre e confiante comecei...
Cá estou eu, pertenço aqui...
À força da Terra onde nasci...
Novo dia, novo mundo
Coração a pulsar com ritmo louco
Novo dia que será meu
Com a vida á frente...


Setinha @ Feeling Free

Tuesday 15 June 2010

Á barca, á barca... Deixai passar a tempestade que a bonança se avizinha...

De volta ás origens... Aonde pertenço. Após uma jornada de ausências desmedidas e sem sentido estou de volta com o meu pensamento, agora menos atordoado e demente. "Foram dias e dias, e anos e meses perdida no mar..." Agora, finalmente o meu barco chegou a bom porto.
Sei que ainda não fazem sentido as minhas palavras. Que ainda vêm numa torrente de pensamento fluido e sem significado. Mas, o que outrora fora uma mente quebrada e infeliz, agora renasceu mais forte, unida e brilhante do que nunca.
E com ela a força de um amor mais forte que as forças que ligam os fragmentos de Terra onde poisamos todos os dias... A força de uma amizade, de um companheirismo extremo, do reinventar de uma realidade algures esquecida.
Os tempos foram negros... De uma escuridão imensa e feroz... Mas agora o sol voltou e com ele as boas vibrações que se julgavam enterradas para sempre naquele buraco sombrio e profundo que noutras eras cavei com minhas próprias mãos.
Nada temam, marujos. Chegamos a Terra... Vamos viver de novo e (tentar) ser felizes de uma vez por todas nesta nova terra próspera e cheia de riquezas e vida á espera de ser vivida...

Setinha @ Volta ao Mundo

Sunday 3 January 2010

Podia ser mas não é...

Podia ser uma daquelas frases que encontras quando abres um pacote de café, naquela tarde de sol em que sais para beber um café com alguém especial e que depois guardas na tua carteira. Podia ser, mas não é. Podia vir nos pacotes de café mas não vem. É pena. É algo do tipo "Um dia, talvez volte a confiar em ti..."
Talvez um dia, daqui a muito tempo, eu volte a conseguir olhar para ti como aquele amigo que eu sempre julguei que eras mas que,afinal, nunca foste. Tentei provar a este mundo e ao outro que estavam todos enganados. Que tu não eras aquilo que todos diziam que eras. Uma pessoa sem carácter, sem valores. Tentei prová-lo c0m todas as forças que tinha e até com aquelas que não tinha e que fui desencantar sabe-se lá em que buraco. Hoje, por fim, rendo-me ás evidências e baixo a guarda e digo "Não posso mais." Não posso mais suportar a falta de tudo. De confiança, de te conhecer e de saber quem és exactamente. Não consigo olhar para ti, conversar contigo sem sentir que não te conheço, que não passas de um estranho que tenta a todo o custo fazer-se passar por meu amigo, e que eu não sei quem é.
Por isso, é melhor cada um seguir o seu caminho, e talvez um dia, nos voltemos a encontrar. Agora vou agarrar-me àquilo que tenho de mais precisoso: os meus amigos. Aqueles que ficaram, mesmo depois de tudo. Que estiveram sempre cá mesmo quando não sabiam o que se passava, nem como podiam ajudar. Mas ajudaram sempre, mesmo sem saber como. Deram-me um abraço quando mais precisei, riram comigo quando eu mais precisei de rir. Afagaram-me os cabelos quando eu olhava para o vazio a pensar no que tinha eu feito de errado e disseram "Gosto muito de ti, sabes?!". Foram esses pequenos gestos que fizeram toda a diferença. Agora só nos resta seguir em frente e esperar por "um dia, talvez..."

Wednesday 30 December 2009

"Não sei se é sonho, se realidade"

Não sei se é sonho, se realidade,
Se uma mistura de sonho e vida,
Aquela terra de suavidade
Que na ilha extrema do sul de olvida.
É a que ansiamos. Ali, ali
A vida é jovem e o amor sorri
Talvez palmares inexistentes,
Áleas longínquas sem poder ser,
Sombra ou sossego dêem aos crentes
De que essa terra se pode ter.
Felizes, nós? Ah, talvez, talvez,
Naquela terra, daquela vez.
Mas já sonhada de desvirtua,
Só de pensá-la cansou pensar,
Sob os palmares, á luz da lua,
Sente-se o frio de haver luar.
Ah, nesta terra também, também
O mal não cessa, não dura o bem
Não é com ilhas do fim do mundo,
Nem com palmares de sonho ou não,
Que cura a alma seu mal profundo,
Que o bem nos entra no coração.
É em nós que é tudo. É ali, ali,
Que a vida é jovem e o amor sorri.

Setinha @ Às voltas na cama para adormecer - "Não sei se é sonho, se realidade" - F.P.

Monday 14 December 2009

Quem és tu?

Quem és tu afinal?
Cujo olhar me confunde e atrofia
Cujas palavras me deixam sem jeito
E com um ronronar no peito
Quando, a cada dia.
Me fazes sentir especial.

Como entraste tu na minha vida?
Tornando-a mais colorida,
Como se pintasses em mim um quadro
Com a tua personalidade de um doce de chocolate amargo...

Setinha @ Sintonia com J.I.

Sunday 13 December 2009

Fora por aquilo que hoje sou...

Não mais olharei para trás.
Jamais estagnarei no tempo,
esperando por uma só palavra.

Na minha cadeira, com o meu bloco e a minha caneta de tinta permanente, segura na mão bem firme, olhei para as paredes que me envolviam. Na mente flutuam, viajam, todos os desejos e quereres de uma vida que,outrora julguei colorida, mas que agora vejo que nunca teve outra cor senão cinza.
Já não sei mais que viver. Já não sinto que precise de o fazer. Vou manter-me aqui, sentada na minha cadeira, observando da janela do meu quarto o passar do tempo. Não vou fazé-lo parar. Vou apenas fazer com que passe por mim. Vou ficar aqui sentada a observar o girar do mundo, a mudança da lua e das marés. Ver o desabruchar das flores novas na Primavera e a migração das andorinhas no Outono.
Ver a neve cair no Inverno e as amendoeiras a florir quando o tempo delas chegar.
Passaram anos. As marcas do tempo já começam a fazer-se notar. Já não sou mais uma criança. A "criança" que decidiu deixar-se ficar e ver o mundo passar por si, sem nada fazer. Passei anos aqui sentada, a olhar pela janela. Hoje, muitos anos depois, olho com olhos de quem quer ver o que o tempo fez a sua visão, e não vejo nada que me deixe feliz...
Deixei de contar o tempo. Mas sei que passou depressa de mais. Aqui de novo estou. Agora uma velha sem nada para contar. Sinto-me triste. As visões que me envolvem são de uma realidade tão amargurada e penosa que nem consigo distinguir o que realmente vejo daquilo que queria ver. O mundo tornou-se um lugar hóstil, sangrento, sem escrúpulos, onde a maldade, a vingança e o desejo de aniquilação do próximo imperam, sentados num trono construido sobre a subjugação dos mais fracos.
Ao caminhar pela rua, vejo a desgraça que o tempo causou. Morte, doença, fome. Ningúem me vê. Será que não estarei morta também?! Não sei. Só sei que este não era o Mundo que eu conheci, anos antes de me decidir.
O que poderia eu ter feito para prevenir todo este cenário de mágoa, dor e tristeza? Será que deixar o tempo passar terá sido a melhor solução? Será que não me encostar à ombreira da porta ou não ficar sentada na minha cadeira de baloiço durante tanto tempo poderia ter feito a diferença?
Claro que podia. Claro que a minha ajuda, por pequena que fosse, podera ter evitado este cataclismo que meus olhos vêem e que meu coração chora.
Nem sempre a passividade é a solução. No entanto, e por uma vez na vida, tenho a oportunidade de voltar a trás.
Meto a mão ao bolso do casaco, à procura do meu relõgio de bolso antigo. Abro-o e rodo-o 3 vezes.
TIC TIC TIC...
De volta ao presente. Ao momento em que decidi entregar-me à adversidade, sentando-me na minha cadeira, esperando pelo passar do tempo. Paro e penso. Não. Vou ser mais forte, vou vencer e vou fazer a diferença. POR UM MUNDO MELHOR...
Setinha @ "Por um mundo melhor - Vera Branco"

Thursday 26 November 2009

O dia em que ela se foi...

Desço as escadas em direcção à porta. Perguntas sem resposta aparente ecoam. Ecoam cada vez mais alto na minha cabeça. Estou confuso. Não consigo entender o porquê da tua partida. Corro, corro. Levo a tua carta na mão e enquanto corro, os pensamentos aceleram-se e mais perguntas surgem. Parei junto ao nosso lugar para ler e reler de novo a mensagem que hoje me deixaste sem mais nenhuma justificação. Sinto a tua falta.

"L.
Costumavamos passar os Verões sentados à beira do lago a atirar pedras, a apanhar rãs e a sentir o sol nas faces. Tempos d'ouro esses. Será que ainda te lembras? Será que sentes saudades desses dias dourados em que nos olhavamos lá bem no fundo do nosso ser e nos riamos sem parar de palermices sem importância? Será que sentes?
Não sei. Hoje, estou aqui, a escrever esta carta para te dizer que sinto falta. Sinto muita. Embora esse pensamento permaneça eterno na mente de quem ainda te ama, digo-te agora com os olhos marejados em lágrimas que já não quero sentir que sou um peso na tua vida. Não quero sentir que fico com as migalhas que sobram daquilo que, com tanto amor, dedicação e amizade, dás aos outros.
Hoje, aqui, junto ao lago que nos viu crescer, amadurecer e seguir em frente, sento-me com a minha caneta e esta folha de papel branca e escrevo-te, em jeito de dizer adeus. Não será um adeus eterno. Apenas um "Até Já, L. ". Desta vez, tenho que partir, crescer e ser feliz. Voltar a sentir que não sou só apenas a miragem da porta ao lado ou aquela com quem brincavas em pequeno.
Prometemos que a nossa amizade seria eterna. Juro-te que vou respeitar essa promessa, mas agora chegou aquela hora que sempre tememos. A de me despedir. Vou apanhar a primeira brisa do temp e seguir com ela até onde me levar e lá, plantarei de novo a semente e esperarei que ela germine, cresça e se torne forte. E, no dia em que voltar, trazida de novo, pelo calor de ti, vou olhar novamente pela janela do meu quarto e ver-te sentado no baloiço do teu quintal e perceber que nada mudou. Que apenas nos perdemos nos labirintos do tempo e, agora que voltei ao lugar que sempre me pertenceu e que sempre me tomou como dele, tudo está no devido lugar.
Sei que ao leres esta carta, pensarás o que terás feito para, de repente, te veres sem mim. Verás que nada fizeste. E se um dia me perguntares o que me levou para longe de ti direi que foram os fios da teia do destino que nos separaram. Agora, sei onde estás.
Sei que estás onde queria que estivesses a ler este breve adeus. Sentado, na pedra marcada pelas nossas aventuras junto da laranjeira onde nossos nomes gravaste como sinal de amizade eterna. Vou voltar em breve. Espera por mim. Cresce, voa, sê livre. Até um dia. Com muito amor.

J.P."
Setinha @ O dia em que ela partiu

Thursday 29 October 2009

Uma vida, uma viagem

A vida é uma viagem de comboio. Com paragens, estações principais e pequenos apeadeiros.
Pessoas que saem, que entram, que ficam, que nos deixam bagagem, malas, malinhas e malões de uma história que é nossa e que ficará para sempre connosco. Nem sempre nos apercebemos disso, mas é esta bagagem deixada por aqueles que saem e entram que nos leva ao céu e tocar nas estrelas. Que nos leva até ao mais profundo dos buracos, até junto ao ponto onde o que é sólido vira fluido, e onde as lágrimas correm de par em par e não cessam. E a viagem prossegue. Prossegue e eis que pára o comboio num pequeno apeadeiro. Um sem importância hoje. E amanha? Será assim tão indiferente o passageiro que nele entrou? Às vezes, o mais insignificante dos indíviduos revela-se o mais valoroso, o mais sensato e mais honesto de todos. Aquele que apenas trás na mala a sua sabedoria e que nos arranca sem mais nem menos de um desespero profundo que é a nossa própria solidão. Muitos deles entram na estação principal, são estrelas que brilham em todo o seu esplendor. Será que no fim da linha ficam? Ou prosseguem a minha viagem? Outros são como o passageiro do pequeno apeadeiro.
Aquele passageiro que, no começo, parecia um vulto. Um ser sem alma ou pequena luz ao qual ninguém dava atenção. Mas eis que se revela. Revela-se e mostra o seu valor.
Esta lição foi-me ensinada por um passageiro que viaja deste sempre neste comboio. Alguém que ficará eternamente dentro dele. Alguém que faz parte dele e que nunca pode ser esquecido.
Aquele cuja bagagem me fez, sempre, ver tudo com mais clareza. Aquele que nunca me escondeu nada, nem mesmo a mais cruel das dores e muito menos a mais bela das alegrias. Aquele que, se pudesse, sentia todas as minhas mágoas como se suas fossem.
Por tudo o que já fizeste por mim, por tudo aquilo que sei que farias se pudesses, por tudo o que irás fazer sempre.
A ti, meu passageiro de sempre...
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